
Parte IV – Dificuldades na implantação da Qualidade na Saúde
Eu estava lendo o site do O Globo (https://oglobo.globo.com/economia/brasil-aparece-na-lanterna-em-ranking-de-produtividade-22398977 – 16 Fev 18:11:04) e lá havia uma reportagem que mencionava que recentemente a FGV fez uma pesquisa a pedido de O Globo onde o Brasil estaria no ranking de produção em 50º lugar, num universo de 68 países. No artigo ainda mencionava que o brasileiro produz 16,80 dólares/hora enquanto um Norueguês 102 dólares/hora. Além disso para este tipo de produção o brasileiro trabalha aproximadamente em média 1.711/ano, contra 1.427 do norueguês.
Como gosto de números a diferença de produção chega aos absurdos 406%. Isso mesmo, 406%!!!!!! Mas o que isso está relacionado com Dificuldades na implantação da Qualidade na Saúde? Tudo! Afinal como podemos produzir mais no dia a dia se culturalmente temos este desempenho?
Com esta breve introdução, hoje cito outras dificuldades, além desta que serve de alerta. Para a implantação da qualidade precisamos normatizar as atividades através de várias técnicas, mas a principal delas é mapear o processo, adaptá-lo ou substitui-lo. Para isso ser feito, vocês devem concordar que não dá para “chupar cana e assobiar” ao mesmo tempo.
Aqui nós temos um obstáculo chamado dedicação para produção ou construção de condições para que este processo tenha êxito. Vamos a um exemplo: Como você faz para normatizar um setor crítico se o colaborador está envolvido “full time” na sua atividade? Meus leitores, aqui não há solução mágica. Ou a direção vai ter que investir em “hora extra” ou vai ter de contratar mais, ou vai ter que investir em consultoria, ou o tempo de conclusão da implantação pode durar 2, 3 ou mais anos.
Normalmente o setor de saúde por exemplo está sempre sobrecarregado e a implantação da qualidade sempre fica para o segundo ou terceiro plano. Isso é evidente, pois o que acha que o seu colaborador vai dar prioridade? Os pacientes que estão reclamando da demora no atendimento ou aquele procedimento operacional padrão que não tem nem data para ser auditado, ou que ninguém lê depois de pronto. Isso sem falar que a maioria das pessoas não gostam de escrever, e outras ainda que não querem passar herança dos seus segredos de trabalho. Pessoal, isso acontece com tanta frequência que a implantação passa a ser algo “chato”, “incomodo”, que atrapalha a atividade fim! E assim, vamos “queimando” um projeto e uma filosofia que aos poucos iria tirar as organizações do Brasil do subdesenvolvimento!
Finalmente uma das dificuldades para implantação da gestão da qualidade é a falta de planejamento da direção de como estes problemas serão realizados e superados, principalmente lembrando o índice de produção do brasileiro na sua atividade fim e tendo que “trocar o pneu do carro andando”. Então como, quando e quanto será dedicado com “exclusividade” para esta missão?
Concluso que todas as dificuldades escritas neste artigo como nos anteriores podem ser superados, desde que bem planejados ou assessorados por quem tem experiência nesta atividade como empresa de consultorias especializadas. E neste ponto não quero deixar a entender que sem um consultor você não conseguirá. Há diversos casos que conseguem, mas a experiência ensina que em média se leva o dobro ou triplo do tempo e o investimento acaba sendo mais caro do que ter a orientação de um profissional da área de consultoria que já trilhou estes caminhos centenas de vezes.
Célio Luiz Banaszeski
Diretor Executivo Exacta Consultoria Empresarial